O fígado é um órgão para a manutenção da saúde das aves. São várias as suas funções, sendo que, entre outras, ele intervém na digestão, ajuda na eliminação de toxinas e participa no metabolismo das proteínas, gorduras e carboidratos. Há doenças que afetam especificamente o fígado, e outras começam noutro lugar do organismo, mas acabam por produzir alterações hepáticas. As aves com problemas neste órgão podem mostrar sintomas imprecisos e gerais, que não indicam que o fígado está afetado.
Perda do apetite, apatia, diminuição do peso, fraqueza diarreia, mau estado da plumagem, aumento da sede, aumento na produção de urina, etc. Quando o mal hepático está mais avançado aparece uma sintomatologia específica que mostra com clareza que o órgão está lesado: uratos (porção branca das fezes) com coloração verde ou amarela, inflamação abdominal, acumulação de líquido no abdómen (ascite) alteração na coagulação do sangue, hemorragias intestinais, amolecimento e super crescimento do bico e das unhas,
etc.
Os sintomas podem passar despercebidos até a doença atingir um estado muito avançado, é quando 80% do fígado já foi afetado, que começamos a nota-lo. Isto torna o diagnóstico difícil nas primeiras fases, momento em que o tratamento seria mais fácil. As doenças que afetam o fígado podem ser classificadas como infecciosas ou não infecciosas.
CAUSAS INFECCIOSAS
HEPATITE BACTERIANA São muitas as bactérias que podem produzir uma lesão hepática, mas fundamentalmente são as bactérias intestinais (enterobactérias) as mais frequentes: E. coli, Salmonela, Pasteurela, Pseudomonas, etc. Estes germes agem por si sós, ou então, agravando uma doença já existente (em associação com uma queda nas defesas e alteração na flora digestiva).
CLAMIDÍASE (Psitacose ou Ornitose) A psitacose, produzida pelo microorganismo Chlamydia psittaci responsável pela maioria das Hepatites bacterianas que aparecem nos psitacídeos.
INFECÇÕES VÍRICAS Existem vírus que podem atacar o fígado exclusivamente, ou também outros órgãos. Entre eles, o poliomavírus, adenovírus, coronavírus, reuvírus, serosite vírca aviar, herpesvírus, etc. Entre os últimos, estão os responsáveis pela doença do Pacheco (afeta exclusivamente psitacídeos): de evolução fulminante e contágio rápido, produz grande mortalidade de células hepáticas. O diagnóstico de uma infecção vírica pode ser muito difícil, principalmente levando em conta que se pode complicar com outras doenças que mascaram o problema principal.
PROTOZOÁRIOS Embora os protozoários vivam no aparelho digestivo, eles podem passar, em certo momento, para outros órgãos, entre eles o fígado. Os Trichonomas são frequentes em passeriformes, columbiformes e aves de rapina, os Atoxoplasmas em canários; os Histomonas em perus, etc.
ATOXOPLASMOSE
Doença causada por um parasita chamado Isospora serini. Trata-se de um coccídio de história confusa: no início, pensou-se que o pardal podia transmitir essa doença ao canário através da picada de ácaros transportados pelo pardal. Mais tarde foi demonstrado que o contágio dá-se somente via oral e que os atoxoplasmas do pardal não afetam o canário.
Afeta principalmente os jovens de 2 a 9 meses de idade. Os sintomas são: penas eriçadas, debilidade diarreia. Dificuldade respiratória, problemas nervosos (em dois pássaros entre dez) e morte. .A mortalidade pode atingir até 80% dos pássaros afetados. Os passeriformes adultos são geralmente portadores assintomáticos que podem eliminar os parasitas nas fezes durante um longo período e contagiar assim os jovens, motivo pelo qual não é aconselhado juntar aves adultas e jovens na mesma gaiola.
Em estudo realizado no final dos anos 80 na Inglaterra, apontava-se a possibilidade dos atoxoprasmas serem os responsáveis pela maioria dos casos de verdelhões (Carduelis chloris) afectados pelo “mal seco”.
Lesões características são aumento do tamanho do fígado (facilmente visível como uma mancha escura que aparece abaixo do esterno, na lateral direita do pássaro) e inflamação do intestino. Os atoxoplasmas são muito resistentes às condições ambientais e não são destruídos pela maioria dos desinfetantes.
A atoxeplasmose é uma doença difícil de tratar, e requer terapia prolongada. Este problema também foi observado em outras passeriformes como os pintassilgos. pintarroxos, etc.
CAUSAS NÃO INFECCIOSAS
HEMOCROMATOSE Em algumas espécies a alimentação excessivamente rica em ferro pode provocar uma alteração do metabolismo e acumulação exagerada deste mineral nas células hepáticas, provocando lesões irreparáveis das mesmas. Na realidade, não se conhece a causa exata desta doença, possivelmente os fatores que predispõem o seu aparecimento sejam vários.
LIPIDIOSE HEPÁTICA Também conhecida como “Fígado Gordo”, é frequente em algumas espécies de aves. Entre os psitacídeos, as aves mais propensas são Periquitos, Agapornis, Ninfas, Papagaios de peito cinza e Amazonas. Ocasionalmente, achada no Diamante Mandarim, Diamante Arara e Diamante Cauda Vermelha.Trata-se de uma acumulação excessiva de gordura no fígado, que o torna amarelo. O começo costuma ser agudo, morrendo a ave sem chegar a perder peso. As causas são várias:
- Dieta muito energética, geralmente na forma de carboidratos;
- Falta de exercício;
- Temperatura ambiente elevada;
- Alteração no funcionamento da glândula tiróide;
- Administração de hormonas;
Para o tratamento aconselha-se o uso de dietas energéticas com suplementos de vitaminas (colina, vitaminas E e B12) e aminoácidos. A alimentação rica em ferro é uma das causas que favorecem o aparecimento de hemocromatose em maias.
TOXINAS Existem substancias que podem produzir lesões hepáticas: metais pesados (chumbo, cobre); medicamentos, inseticidas, etc. O excesso de vitaminas (hipervitaminose) pode interferir no funcionamento normal deste órgão. O grau de intoxicação vem determinado pela quantidade de toxina ingerida, o estado nutricional da ave, doenças concomitantes, etc.
AFLATOXITOSE Trata-se de uma doença produzida por substância tóxica chamada aflatoxina (produzida por certas espécies de fungos que podem crescer nos alimentos). As aflatoxinas costumam produzir-se em condições de calor, escuro e humidade, por isso, a refrigeração das sementes pode prevenir o aparecimento destas substâncias. Além de prejudicar o fígado, estas podem produzir câncer, tornandose, portanto, de máximo interesse, a sua detecção no alimento.
O diagnóstico desta doença pode ser difícil, dada a grande quantidade de sintomas que podem aparecer e a complicação por infecções secundárias que mascaram o problema principal. Por isso, é sempre recomendado que quando um avicultor começar a notar problemas com as suas aves após a administração de um novo lote de comida, este seja retirado imediatamente e substituído por alimentos de origem diferente.
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Fonte: Associação Paranaense de Canaricultura e Ornitologia
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Fonte: Associação Paranaense de Canaricultura e Ornitologia
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