Quarentena para criatórios

Por
Jeferson Rocha pires

A Quarentena tem como objetivo prevenir a entrada de agentes infecciosos e parasitários em uma criação animal. Apesar de ter o nome de quarentena nem sempre é sugerido que esta seja realizada por 40 dias, podendo ser estendida ou reduzida dependendo do grupo taxonômico com o qual se trabalha e com as patologias com as quais são comuns aquela região de origem do animal.

O quarentenário deve ficar o mais longe possível da criação principal já que a proximidade facilita a passagem de patógenos de um ambiente para o outro. Este deve estar localizado em uma região no mesmo plano ou mais baixo que o criatório, mas nunca em uma região mais alta já que no caso de patógenos onde a disseminação pode ocorrer pelo ar o criatório poderia ser banhado por ele.


O ideal é que o criatório possua um tratador somente para o quarentenário para evitar o transporte de agentes para o plantel pelo funcionário. Nos casos em que isso não for possível o quarentenário deve ser o último a ser tratado (este deve possuir uma cozinha própria) e o funcionário deve tomar banho com sabonete antisséptico e trocar de roupa na saída dele. A higienização do quarentenário deve ser ótima, sempre com a utilização de substâncias desinfetantes de boa qualidade e nunca deve ser realizada com o ambiente sujo com fezes e alimentos, já que a eficácia destes é diminuída na presença de matéria orgânica. O ambiente deve ser de fácil lavagem e drenagem reduzindo desta forma o acúmulo localizado de matéria orgânica. Este ambiente deve ser bem iluminado para que seja facilmente localizada a presença de qualquer irregularidade. Deve ser evitado a utilização de poleiros de madeira ou outros materiais porosos pois são ótimos abrigos para microorganismos e parasitas.

O quarentenário deve ser devidamente telado para se evitar a entrada de mosquitos que são grandes veículos de parasitas e vírus. As portas devem possuir um cambiamento bem iluminado ou uma cortina de vento para impedir que mosquitos e outros insetos entrem juntamente com pessoas. Deve se considerar que nem sempre esta quarentena receberá animais a cada ciclo de quarentena apesar deste ser o ideal. Nesses casos, esta deve ser dividida devendo existir todo cuidado sanitário na passagem de uma área para outra e a ordem de manejo dos animais deve ser sempre dos mais antigos aos mais novos. A destinação de resíduos do quarentenário também é de grande importância, pois a destinação de muitos deles é para locais de céu aberto onde moscas, ratos e outros animais podem entrar em contato e com isso transportar patógenos de um local para a criação principal. A água de lavagem que sai do quarentenário deve ter destinação controlada, já que pode contaminar lençóis freáticos e rios que podem ser os responsáveis pelo fornecimento de água para a propriedade.

Um dos fatores mais importantes é a realização de testes dos animais que entram no quarentenário. Esta deve ser realizada antes, durante e no momento da saída dos animais já que muitos patogenos podem ter tempo de incubação variados e muitos não vão fazer nenhum quadro clínico permanecendo de forma assintomática. Os exames de escolha devem ser solicitados pelo médico veterinário e nunca podem ser esquecidos a realização de exames de fezes, exames de sangue como hemograma, bioquímicas renais e hepáticas, cultura de fezes, pesquisa de ectoparasitas juntamente com o exame clínico completo com ausculta cardíaca e respiratória, temperatura e pesagem.

A utilização de exames complementares também é de grande valia, principalmente o RX já que este irá mostrar se os animais possuem alguma alteração óssea como osteodistrofia ou fraturas antigas. Este exame também pode mostrar se o animal apresenta órgãos aumentados como fígado, proventrículo e coração alem de revelar a presença de corpos estranhos como metais.

Este também pode ser o momento de ser realizado exames como laparoscopia para a comprovação do sexo do animal juntamente com a avaliação do órgão reprodutor e se este não apresenta lesões características de animais inférteis.

A utilização de todos estes protocolos é fundamental para evitar a entrada de novas doenças em um plantel provocando grande prejuízos que em muitos casos podem ser irreparáveis tanto de forma sanitária, econômica e moral.

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Fonte: Revista Eletrônica ABRASE, outubro de 2009, número IV.

Jeferson Rocha Pires
Médico Veterinário, Mestre em Clínica e Reprodução veterinária, Professor da disciplina de ornitopatologia na Universidade Estácio de Sá, Professor e coordenador do curso de pósgraduação em Clínica e Cirurgia em animais selvagens pelo Instituto Qualittas de Pós graduação.

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