Influência da nutrição e do manejo, com o envelhecimento das aves de gaiola

Introdução

Este trabalho pretende apenas assinala a possível coincidência entre a qualidade controlada da dieta alimentar administrada às aves de gaiola, complementada com uma higiene e um manejo especial do criadouro e sua relação com o envelhecimento dos canários e demais aves de companhia.

O conceito de envelhecimento-doença pode ser empregado na ornitofilia para associar diversos problemas de salubridade ambiental, embora não se deve esquecer as circunstâncias patológicas de natureza metabólica e nutricional que podem produzir-se como conseqüência da administração retirada de uma dieta mal balanceada ou desequilibrada em micronutrientes, tanto pelo seu excesso como pela sua carência.


Como foi dito a dieta administrada às aves de companhia pode ser excessiva ou carencial em algum dos nutrientes que a integram ou na quantidade de macro minerais que contenha, o que a torna desequilibrada já que nociva pra saúde das aves que a ingerem, circunstâncias que devem ser cuidadosamente observadas e controladas pelo criador.

O conforto das aves nas gaiolas, a planificação das instalações de um número de comedouros e bebedouros suficientes, e evitar a massificação de exemplares num mesmo hábitat, o controle das ondas de calor, a duração adequada das horas de luz no criadouro o controle periódico de insetos, evitar as mudanças bruscas de temperatura etc. são circunstancias que constituem elementos importantes que influem e conforma a qualidade do manejo especializado.


Que é envelhecimento

Generalizando, pode-se dizer que o envelhecimento de todo ser vivo deve ser considerado como um conjunto seriado de trocas moleculares progressivas e acumulativas, de caráter degenerativo que com o passar do tempo podem tornar patogênicos e levar a perdas de importantes funções orgânicas e imunitárias  que finalmente causam a morte.

Todas as espécies de seres vivos envelhecem de uma maneira mais ou menos progressiva já que a partir do seu nascimento padecem de maneira continuada, trocas de alterações degenerativas que de forma inexorável e universal deterioram sua fisiologia e, por conseqüência, diminuem suas expectativas de vida.

Autores especializados opinam que a interação da genética exerce grande influência em relação como protocolo do envelhecimento que possuem as diversas espécies e famílias de seres vivos, critérios que compartilhado de maneira majoritária pelos que na atualidade praticam a ornitofilia.

É fácil observar e comprovar na prática diária desta atividade, a redução progressiva da taxa de imunidade e a crescente fragilidade vital de um importante número de exemplares de determinadas raças ou variedades de aves ao contrário da rusticidade e vitalidade que possuem outras.


Viver é envelhecer, portanto viver é mudar

Envelhecer é um fenômeno multifatorial que afeta de maneira negativa e progressiva todos os níveis da organização biológica dos seres vivos, o que ocasiona que atualmente nossas aves de companhia possuam determinas patologias degenerativas ou infecciosas.

A maioria das aves de companhia que existe nos criadouros nasceu em cativeiro e foram anilhadas no ninho pelos criadores; graças a isto se pode conhece o ano do nascimento e, portanto, a sua idade.

As normas internacionais de anilhamento patrocinadas pela C.O.M. permitem e facilitam para que possamos considerar a possibilidade de que num futuro próximo possuamos estatísticas cronológicas confiáveis da longevidade média real das aves de gaiolas, questão que é praticamente impossível de asseverar nas aves nascidas em liberdade, em plena natureza.

Existem casos destacáveis de canários que conseguiram alcançar uma longevidade de doze e inclusive mais anos de vida, embora na atualidade é comum que numerosos exemplares alimentados com dietas adequadas, tratados com manejo e higiene bons, a taxa média de vida ativa reprodutiva pode considerar-se que é de uns quatro a seis anos.

Segundo a Teoria Evolucionista, esta expectativa de vida pode ser uma conseqüência de que seres vivos têm se adaptado ao contexto de um processo lento e progressivo pra substituir em condições adversas climáticas ou ambientais, para serem capazes de resistir a ação agressiva e oxidante prolongada, produzida pela ingestão de alimentos ou de agente radicais livres com a conseguinte dano que ocasionam ao organismo.

Segundo a Teoria da Velhice programada por via genética, aos genes próprios de cada ser vivo são os que predeterminam a velocidade do envelhecimento dos sujeitos de sua espécie, devido possuir a informação relativa a prolongação do ciclo de vital das células de seus órgãos mais importantes. Quando em um momento determinado estes começam a deteriorar-se e a funcionar mal, tornando-se incapazes de manter com vida ao ser afetado.

Talvez a Teoria da velhice programada geneticamente posso ser considerada com uma proteção real da espécie, já que os sujeitos velhos e decrépitos adoeçam e morram com a velocidade e cadência necessária  para poder dar lugar à presença e atuação de novos indivíduos jovens e sãos.


Trocas fisiológicas e corporais

Certamente viver leva implícito trocar, embora o envelhecer não pode nem deve ser considerado uma doença. Como conseqüência de ditas trocas, as aves de gaiola com mais de quatro anos de vida reprodutiva podem ser sujeitos frágeis, vulneráveis e, especialmente, propensas a manifestar algumas características sanitárias deficitárias.

É por isso que a partir da citada idade, salvo em contados casos deu uma mutação ou transcendência de um patrimônio genético muito especial, considera-se que ditos exemplares já tenha esgotado sua capacidade reprodutora.

A idade biológica guarda uma relação direta com as diversas etapas e circunstâncias para que atravessem as aves de gaiolas durante sua vida, já que o envelhecimento biológico pode afetar de maneira diferenciada os diversos órgãos e suas funções. Os mais freqüentes podem ser do tipo funcional como conseqüência da interação de elementos biológicos que refletem fielmente o estado geral da salubridade e mobilidade, o que pode gerar uma notável perda de agilidade nos seus deslocamentos.


Conclusões

As aves de gaiola, como a maioria dos seres vivos que têm uma duração de vida reprodutiva relativamente breve, acumulam no transcurso cronológico de sua existência uma série de mudanças vitais progressivas que acompanhadas de alterações degenerativas que se manifestam de maneira seriada desde o nascimento até sua morte.

Os avanços científicos dos últimos anos nos tem dotado de todas as ordens de um amplo leque de meios técnicos, instalações, métodos vários e industria farmacêutica de uma ampla gama de medicamentos capazes de influir de maneira importante na melhora e prolongamento da qualidade de vida.

Aproveitando a importância do controle e da sua preservação veterinária especializada, o criador de aves de gaiola e companhia extrema o controle da dieta alimentar do seu criadouro, se esmera no manejo do mesmo, cuida de manter e melhorar um alto nível de higiene e salubridade dos seus exemplares, de possuir instalações atualizadas e confortáveis capazes de conseguir para suas aves um envelhecimento agradável, controlando os fatores ambientais adversos, com a finalidade de retardar a deterioração funcional própria da velhice.

Tudo isso pressupões para as aves de gaiola uma melhor reserva fisiológica e, portanto, uma menor risco de doenças  o que leva a uma melhor expectativa de vida para os canários e outros passeriformes de companhia.

*Membro da Comissão de Pesquisa Ornitológicas da Confederação Ornitológica Mundial.

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Fonte: Atualidades Ornitológicas Nº 132 - Julho/Agosto 2006 - www.ao.com.br

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