Por
André Salabert
Médico veterinário
Olá amigos leitores sou o Dr. André Salabert e hoje venho ate vocês para tentar esclarecer algumas duvidas sobre um problema frequente na criação de aves, seja como pet ou em criadouros comerciais, iremos abordar o tema cistos de pena, tentando explicar sua formação e esclarecer algumas duvidas.
A formação do cisto de pena pode ocorrer devido a traumas, má nutrição, processos virais, bacterianos e ate mesmo por parasitas, porém o mais comum é a formação de cistos por caráter hereditário, onde por questões genéticas a ave apresenta um crescimento errado da pena, fazendo com que a mesma acabe por crescer para dentro da epiderme, acaba por ser formado um acumulo de material que tem como origem principal a queratina. Ao observar o cisto o proprietário inexperiente acaba por ficar muito preocupado, pois se trata de uma formação que muitas vezes se apresenta em um tamanho bem grande, assustando esses proprietários que acabam por achar que se trata de um tumor maligno ou algo do gênero.
Os cistos podem ser múltiplos ou se apresentarem de forma isolada, as áreas mais comuns de serem encontrados são asas, peito e dorso da ave, porém podem ser encontrados em outras áreas do corpo do animal. Os canários são sem dúvidas os mais acometidos por esse problema, porém outras aves também podem apresentar cistos de pena, dentre elas periquitos australianos, araras, calopsitas, etc.
Como dito anteriormente a principal origem de formação de cisto de penas e de caráter hereditário, ou seja, diretamente ligado a genética do animal, justamente por conta disso observamos que os canários geneticamente selecionados para plumagens especiais geralmente são mais susceptíveis a doença. A grande endogamia também ajuda muito nessa alta incidência de cistos em canários de selecionados para plumagens especiais, já que muitas vezes para manter essa característica referente a plumagem pássaros com grau de parentesco acabam por cruzar, aumentando assim a probabilidade de genes ligados a formação de cistos de pena serem passados para a prole.
Os cistos apresentam diversos estados evolutivos, que vão influenciar diretamente na textura interna deles. Cistos jovens geralmente estão irrigados com sangue e se apresentam com uma textura mais "mole", é relativamente fácil de se identificar essa fase, já que o mesmo se encontra muito irrigado, altamente vascularizado, sendo perceptível até para leigos, nesse estágio não é aconselhável a retirada do cisto já que pode acabar por gerar sangramentos grandes, e em aves pequenas a mínima perda de sangue é preocupante por conta da baixa massa corporal e consequente volume sanguíneo pequeno. Essa fase também gera grandes problemas no tocante a acidentes onde a ave acaba por esbarrar com o cisto na grade ou algo do tipo, na maioria das vezes o cisto começa a sangrar quando isso ocorre. Cistos mais antigos perdem essa irrigação sanguínea, são chamados então de cistos maduros, possuem a textura mais "seca e dura", sendo assim o momento ideal para a retirada do mesmo, diminuindo muito a probabilidade de perda de sangue durante o procedimento.
Observamos então que os cistos de pena apresentam esses estágios justamente por se tratarem de "penas" que cresceram de maneira errada, e assim como as penas normais possuem a fase de crescimento, onde se encontram irrigados com sangue, e sua fase madura, já sem a irrigação sanguínea. Se trata de um material "benigno", ou seja, não irá apresentar metástases em órgãos e traz como único risco a questão do sangramento por pancada ou retirada do mesmo no momento errado.
É fundamental que o proprietário da ave tenha ciência da existência dessas fases, pois algumas vezes recebemos no consultório casos de aves com cistos de pena em fase ainda irrigada, sendo não aconselhável a retirada do mesmo naquele momento. Tendo essa informação o proprietário consegue entender o motivo dessa espera para que possa ser retirado o cisto.
O tratamento como dito anteriormente é a retirada cirúrgica do cisto, apesar de não se tratar de um procedimento tido como complexo, deve ser sempre realizado por profissionais capacitados (Médico Veterinário), para que seja avaliada a questão do estágio correto para e retirada, além da questão da possível hemorragia no momento da retirada. Em alguns casos é necessário incisão com bisturi para a retirada do material contido no interior do cisto, em outros o próprio cisto já apresenta uma fistula por onde o material e retirado. Após a retirada do material a região acaba por ficar aberta, formando uma ferida. Portanto deve ser feito o pós operatório, onde a ave na maioria das vezes tem que tomar medicações para evitar a infecção da ferida, e para que a mesma seja cicatrizada de maneira correta. A probabilidade da recidiva é grande, principalmente nos canários.
É também de fundamental importância que o proprietário entenda que em casos de cistos múltiplos espalhados pelo corpo da ave, mesmo que na fase madura, ou seja, sem irrigação sanguínea do cisto, são necessárias varias idas ao veterinário, principalmente no caso dos canários. Isso ocorre pelo estresse que o animal terá durante o procedimento, onde será contido na mão para que a retirada seja feita. O profissional deverá julgar se os cistos podem ser retirados todos no mesmo dia, ou se será melhor que se divida em várias idas a clinica para que todos os cistos sejam retirados, já que mesmo sem perda de sangue o animal pode morrer por estresse no momento do procedimento.
Como dito anteriormente a questão genética é a mais comum, porém existem outras causas possíveis, o traumatismo sem dúvidas é a mais importante dentre essas outras, o tratamento será basicamente o mesmo independente da causa, a retirada cirúrgica, com o diferencial da baixa possibilidade de recidiva quando a questão não está relacionada aos genes da ave. Geralmente as aves que apresentam cistos por questão hereditária acabam por ter vários espalhados pelo corpo, e não apenas um isolado como geralmente ocorrer em casos de traumas. Os traumas na fase de crescimento da pena são os que poderão causar a formação dos cistos.
Para a prevenção desse problema as medidas a serem tomadas são basicamente evitar todos as causas que não hereditárias, ou seja, alimentação adequada para a espécie da ave em questão, suplementação quando necessário e evitar acidentes domésticos como quedas, etc. No tocante a questão hereditária deve-se sempre retirar da procriação aves onde se suspeita de formação de cistos por problemas genéticos, evitando assim que o gene vá para frente, passando para os filhotes, que fatalmente apresentarão cistos de pena. Na duvida procure um profissional para assistir sua criação e escolher as aves reprodutoras, evitando assim uma prole com doenças genéticas, é fundamental para o criador ter a assistência de um Médico Veterinário, não só para a avaliação das aves reprodutoras, mas também para trabalhar com a prevenção de diversas doenças que podem acometer o plantel.
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O texto foi elaborado pelo Dr. André Salabert, membro da equipe do Consultório Veterinário Birds e Cia/NIAAS. Estamos aberto diariamente das 08:00 as 20:00. Dr. André Salabert atende de segunda a quinta, das 13:00 as 20:00, e aos domingos, das 08:00 as 13:00. O Consultório Birds e Cia é o único consultório veterinário especializado no atendimento a animais silvestres aberto das 08:00 as 20:00 diariamente. Procure sempre um médico veterinário especializado! www.niaas.com.br e www.birdsecia.com.br
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