Dra. Roberta Pivesso Mazola
Dra. Taís Cremasco Donato
Médicas Veterinárias Residentes do Laboratório de
Ornitopatologia - UNESP/Botucatu
As aves são hospedeiras de uma rica diversidade de ácaros que infestam penas, pele vias respiratórias e ninhos. Muitas espécies são hematófagas atuando como vetores de vários patógenos como protozoários, bactérias e vírus deixando as aves susceptíveis a infecções secundárias, podendo levá-las a morte.
O Sternostoma tracheacolum, também conhecido como ácaro de traquéia ou ácaro de asma fole de canário, é um ácaro que acomete várias espécies de pássaros, sendo um dos respónsáveis por muitas dores de cabeça e desgosto de criadores e amadores que criam aves de gaiola o ornamentais.
Este ácaro é facilmente observável, pois o seu aparelho digestivo possui coloração escura (pela presença de sangue do qual se alimenta). O paraista desenvolve-se principalmente na boca afetando vias aéreas, com o tempo os ácaros migram para a traquéia, o que torna a situação mais grave. Acomete também os sacos aéreos, brônquios e parênquima pulmonar.
A transmissão ocorre principalmente em ninhos onde há regurgitação das aves durante o trato dos filhotes. Os adultos geralmente se contaminam através de água contaminada, alimentos, corretnes de ar mal distribuídas ou mesmo espirro de aves doentes. Também ocorre transmissão em exposições, torneios através da introdução de novas aves no criatório, ou a partir do contato com pássaros livres que tenham acesso a gaiolas.
Aves afetadas por esta patologia apresentam incomodo e começam a esfregar o bico nos poleiros e grades, deixam de cantar, mas comem e bebem água normalmente. Quando os ácaros migram para a traquéia a ave manisfesta um mal estar permanente por dificuldades respiratórias, dorme embolada passa a comer menos que o normal e suas fezes tornam-se liquidas e esbranquiçadas. Ao atingir os pulmões, pode-se ouvir um ruído semelhante a um assovio, principalmente à noite. A ave respira com muita dificuldade, mantém o bico aberto e apresenta tosse. Em alguns casos, pode esfregar a regiao da traquéia nos poleiros, podendo ocasionar queda de penas nesta região. Como a ave apresenta dificuldade em alimentar-se a mesma tende a fica debilitada facilitando o aparecimento de doenças oportunitas, o que contribui para o agramentode seu estado de saúde.
Foto de necropsia destacando os ácaros em região traqueal. |
Como o Sternostoma tracheacolum é um ácaro escuro e pequeno o diagnóstico é feito a partir da transiluminação da traquéia, este teste consiste em, num ambiente escuro, incindir uma fonte de luz no pescoço da ave. Com isso, pode-se observar pequenos pontos negros, correspondentes ao aparelho digestivo do ácaro, dispersos ao longo da traquéia do animal.
Laboratorialmente, os ácaros podem ser vistos através de exame de fezes ou necropsia, onde os ácaros são vistos em sacos aéreos, pulmões e traquéia. O diagnóstico é presuntivo nos sintomas, epidemiologia e resposta ao tratamento.
Assim que os sinais clínicos começarem a aparecer, as aves deve ser isoladas do plantel imediatamente. O tratamento a base de invermectina associado a polivitamínicos tem demostrado resultados satisfatórios, lembrando sempre que, a dosagem e o modo de administração devem ser prescritós pelo médico veterinário, pois a ivermectina é um produto tóxico, forte e quanto mal utilzado pode esterilizar as aves ou até mesmo causar sua morte.
As formas de se evitar este "transtorno" em nossos plantéis devem incluir quarentena de novas aves, e de aves que participaram de torneios e/ou exposições, um bom manejo higiênico no criadouro, limpando e desinfetando os viveiros com certa regularidade. Deve-se ainda desinfetar os ninhos e viveiros depois de cada criação, utilizar comedouros fechados de modo que as aves não defequem em sua comida, proporcionar boa ventilação e renovação do ar, mas sem correntes de ar passando diretamente pelas gaiolas, pois, essas correntes podem carrear ácaros e outros agentes infecciosos. Evitar o contato com outros tipos de aves, como galinhas, pombos, pardais, entre outros.
Além das medidas de higiene e manejo, podemos adotar como medida preventiva a a administração de quatro a cinco gotas de vinagre na água do banho, ajudando a manter nossas aves afastadas destes ácaros.
E de extrema importância termos cuidado com a sanidade e manejo dos nossos criadouros, pois descuidos com manejo e higiene podem determinar o sucesso da criação. Aconselhamos aos criadores que sempre procurem orientação de um médico veterinário, pois a utilização de medicamentos errados pode ocasionar grandes prejuizos.
--
Fonte: Revista FOB ano XIX - nº - Nov - Dez 2009 - Jan 2010. Pag 30 e 31.
--
Fonte: Revista FOB ano XIX - nº - Nov - Dez 2009 - Jan 2010. Pag 30 e 31.
Nenhum comentário :
Postar um comentário