Obesidade em aves

Por 
Matheus Torres Marinheiro
Médico Veterinário



Quando pensamos em manejo nutricional, a obesidade é uma das doenças mais comuns. Mesmo assim, ainda existem muito mitos e poucas fórmulas industrializadas para cuidar desse fator nutricional que acomete todas as espécies de aves, principalmente as mantidas em ambiente doméstico.

A observação do acúmulo de gordura encontrada em diferentes regiões do organismo das aves não é simples, principalmente pela cobertura das penas; um aumento de peso ou falta de peso (caquéticos) podem passar despercebidos, retardando ainda mais o início do tratamento do problema.


Por via de regra, uma ave é considerada obesa quando atinge um peso corporal 15% acima do peso ideal da espécie, e para que isso ocorra, alguns fatores ambientais podem favorecer o aumento de peso, a falta de exercício, dietas ricas em energia, recintos inapropriados (pequenos demais ou que não permitam voo das aves), idade e doenças metabólicas.

Algumas espécies têm mais predisposição à obesidade como os periquitos australianos (Melopsittacus Undulatus), calopsitas (Nymphicus Hollandicus), canário (Sicalis sp), papagaios gênero Amazona.

A obesidade é uma doença muitas vezes responsável em causar doenças secundárias como distocias, infertilidade, lipidose hepática, aumento de pressão sanguínea, aterosclerose, pancreatite necrosante, alterações hormonais, lipomas e alterações músculo-esqueléticas.

Muitas dessas doenças secundárias à obesidade causam morte súbita às aves. Fêmeas obesas tendem a não realizar a postura correta e nem produzir óvulos viáveis por alteração hormonal, machos obesos tendem a ter alteração anatômica e estrutural da cloaca, que muda de posição pelo acúmulo de gordura, a não conseguirem realizar a cópula correta, ficando somente com a mímica da reprodução.

Com essas doenças secundárias, muitas vezes espécies raras não conseguem se reproduzir por estarem com seu peso corpóreo inadequado, embora não haja escore corporal estabelecido para as espécies de aves, o aumento de peso deve sempre ser observado para evitar os problemas secundários que muitas vezes são mais complicados que a própria obesidade.

A obesidade pode ser evitada facilmente, regulando nas aves o gasto energético com quantidade de ingestão calórica, nesse ponto, alimentos extrusados favorecem o controle energético correto para cada espécie; sem mesmo assim existir resistência individual a determinados alimentos ou não existir no mercado alimentos balanceados para a espécie é melhor, controlar exercícios a quantidade de energia ingerida.

O tratamento de um animal obeso deve respeitar algumas regras; estabelecer a perda de peso total, em seguida a perda de peso semanal que não deve ser maior que 0,5 a 2 % do peso total a ser perdido; são necessárias de 8 a 30 semanas para atingir perda de peso inicial de 15%, uma perda de peso muito rápida pode aumentar o risco de ganho de peso posterior à dieta e doenças metabólicas importantes.

O uso de alguns medicamentos pode ajudar nessa perda de peso, porém só devem ser utilizados após consulta com médico veterinário. Com todas as dificuldades de perda e manutenção de peso, o ideal é que as aves recebam uma dieta balanceada e que tenha espaço físico suficiente para exercícios e queima calórica, evitado assim morte prematura e favorecendo a reprodução e saúde das aves.

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