Migração de trincas de gaiola
Conheça o grande celeiro de trincas no Brasil

Por
Felipe F. R. Carvalho
Novo Hamburgo-RS

Hoje, o Sul é um dos grandes reveladores e celeiro de trinca-ferros e isso é fato, mas por que alguns deles não se dão bem indo para o centro do País? Existem diversos fatores que influenciam, sendo que cada caso é um caso e citaremos nessa matéria alguns deles.

O clima é um fator preponderante. O sul é uma região de estações climáticas bem definidas, com inverno e verão bem rigorosos, e a ave nasce e cresce  acostumada com esse clima, enquanto em outros estados que já tivemos oportunidade de visitar, notamos que apresentam um clima muito mais quente durante o ano todo, principalmente do Rio de Janeiro para no Norte do País.


Entendo até que esse calor, em alguns casos, possa trazer um certo estresse para o pássaro no início da adaptação, pois ele não está acostumado, enquanto aqui no Sul, o calor chega exatamente na época de reprodução e quando ele muda de estado, ao terminar a muda de penas, começa a cantar novamente, pois o clima lá continua quente e ele não está pronto para temporada, ainda em período refratário.

Sendo assim, seu dono ao perceber que está cantando pode achar que o mesmo já está pronto para mais uma temporada e começar  os passeios num momento errado, causando prejuízo e comprometendo toda uma temporada.

Todo esse cuidado o dono tem de observar para preservar o pássaro, pois a natureza tem os seus ciclos e temos de respeitá-los e sabermos  a hora em que estão prontos para os treinos, sendo que cada um tem o seu tempo.

Essa dificuldade de adaptação ao clima é bastante notada aqui, quando pegamos coleiros oriundos de regiões de clima quente. Eles sentem muito o nosso clima e demoram, às vezes, até duas temporadas para se adaptarem e começarem a ter um desempenho igual ao que tinham no seu estado de origem.

No inverno, dependo do local, temos ainda ter uma atenção toda especial, pois o frio excessivo, com temperaturas baixíssimas pode leva-los, inclusive, a óbito. Ainda assim, acho mais fácil um pássaro se adaptar ao clima frio para o quente, do que ao quente para o frio, pois o nosso clima sacrifica demais a ave que não foi criada por aqui.

Outros fatores importantes são os horários dos torneios e as distâncias dos mesmos que também são um pouco diferentes.

No sul, na maioria dos clubes, os torneios começam às 8h30 e terminam às 12h, enquanto no sudeste, os mesmos começam às 8h e, algumas vezes, terminam até às 13h. Aqui também, poucos têm condições e tempo de viajar até mesmo por que a maioria dos torneios é mais próxima, então, dificilmente percorremos grandes distâncias.

Esses fatores fazem com que os nossos pássaros tenham uma resistência menor a certas situações. Acho que isso é questão de costume, pois com o tempo e um bom manejo eles vão pegando essa “tarimba”, mas tem de haver uma adaptação para ele fazer esta transição, pois eu mesmo já passei por algumas situações onde vi que faltou “malandragem” para o meu pássaro, pois estava acostumando a cantar em um horário menor, numa roda menor. Quando se depara com uma roda enorme, com muitas aves, acaba dando tudo de si e logo no início e depois cansa, enquanto outros já tarimbados se guardam para o final, e isso é nítido.

Também existem aqueles pássaros que são extremamente rápidos, os chamados “velocistas”, que em alguns casos, se levados todo domingo podem ter sua média reduzida, principalmente, no início quando ainda não estão acostumados a esse ritmo, pois o desgaste dele é muito maior que dos outros. Sendo assim, esse tipo de pássaro tem de ter um cuidado ainda maior para repor toda a energia que gasta em cada torneio e cuidado muito grande para esse ritmo não estressá-lo, pois como disse anteriormente nenhuma mudança, a meu ver, pode ser radical pelo fato de poder prejudicar a performance deles.

Enfim, existem muitos fatores a serem citados e todos devem ser estudados com atenção, pois como todo e qualquer detalhe, pode fazer e faz a diferença no desempenho final.

Desta forma, temos sempre que avaliar o que esta atrapalhando ou ajudando para que em cima desse aprendizado, possamos evoluir em nosso manejo e isso, a meu ver, é uma das partes mais bacanas do nosso hobby, pois esse desafio diário de conhece-los cada vez mais e tirar deles o melhor desempenho possível, nos instiga e, além disso, nos leva a criar um vínculo de amizade e cumplicidade com o pássaro, pois eles sempre nos retribuirão o amor e os cuidados dispensados.


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Fonte: Revista Passarinheiros&Cia - Nº 66 ano X – pág. 60,61.

Um comentário :

  1. Olá, hoje está 32 graus na minha cidade, posso colocar meu trinca ferro num ambiente com ar condicionado numa temperatura mais agradável?

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