Cisto de Penas

Por
Robson de Lima Carvalho 
Médico Veterinário


O presente artigo relata a ocorrência de "Cisto Epidermóide" ("Cisto de penas" ou "Bola"), em canários das raças "Norwich" e "Gloster", de caráter hereditário ou induzido por traumas, encontrando um fechamento do folículo e a presença de um conteúdo queratináceo. O tratamento mais eficaz é através da remoção cirúrgica, por um especialista capacitado na área (médico veterinário), para não haver a possibilidade de hemorragias em vasos sanguíneos ao redor do cisto.

Há também relatos de casos para o tratamento de cistos de penas com o uso de medicamentos na água de beber (bebedouros) e na farinha. Um fator importante é a retirada dessas aves da reprodução.


Introdução


O cisto de penas ou "caroço hereditário" em canários pode ser hereditário ou induzido por traumatismos no desenvolvimento anormal do folículo e da haste da pena se curvando para dentro da epiderme. O cisto epidermóide também é denominado como cisto de inclusão epidérmico ou cisto infundibular. Os cistos surgem no infundíbulo do folículo piloso e são envoltos por epitélio estratificado escamoso, com uma camada de células granulares, como na porção superior do folículo normal.

Levando a um quadro de foliculite, provocando um processo de dermatite ulcerativa. Devido à má formação da plumagem, o aparecimento de cistos de penas são decorrentes a traumas, má nutrição, processos virais, bacterianos ou infecções parasitários.

Macroscopicamente observa-se uma massa firme, amarela e de formato globular. Histologicamente caracteriza-se pela presença de lâminas de queratina dispostas em camadas circulares.


Desenvolvimento


Os cistos cutâneos são caracterizados por um espaço epitelial circundado por conteúdo queratináceo, de forma isolada (único), ou de forma múltipla, sendo observados mais nas asas, no dorso ou no peito das aves.


A textura do material dentro do cisto irá variar de acordo com o estado evolutivo. Cisto maduro possui um material queratinoso seco, sendo um cisto maior, mais duro e menos vascularizado.

Dentre as aves mais suscetíveis a esta anomalia estão os canários das raças "Norwich" e "Gloster" e seus descendentes. Outras aves como Periquitos Australianos e Araras também são suscetíveis a este tipo de anormalidade, sendo raramente encontrada em Papagaios. Estas raças são geneticamente selecionadas a produzirem uma plumagem extra e acabam sendo predispostas a esta síndrome.


Tratamento


Na remoção cirúrgica dos cistos muito cuidado com os outros folículos ou vasos sanguíneos próximos a região.


No pós-operatório, as asas devem ser imobilizadas para prevenir movimentos, até que ocorra a cicatrização completa. Os folículos próximos devem ser lavados com solução salina morna, várias vezes ao dia.

Neste procedimento podem ocorrer hemorragias devido a incisão erroneamente, por isso, deve ser realizada por profissionais capacitados (médicos veterinários especializados), podendo ser controladas através de ligaduras com fio inabsorvível 6-0 ou através de sutura simples contínua da pele com fio inabsorvível.

O melhor método incisivo é o uso do bisturi eletrônico para cortar e realizar a hemostasia ao mesmo tempo. Bandagens elásticas são utilizadas para o controle de pequenos sangramentos.

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Fonte: Revista Brasil Ornitológico - ano XIX - n° 77 - Nov - Dez 2009 - Jan 2010 - Pag. 44 e 45.

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