Por
Matheus Torres Marinheiro
Matheus Torres Marinheiro
Médico Veterinário
A pior imagem para o amante das aves é acordar pela manhã para tratar do seu animal de estimação e se deparar com a imagem da ave no fundo gaiola ou “embolada” no poleiro. Quem nunca passou por isso? Confesso que até mesmo eu já passei por essa inexplicável cena.
Muitas vezes, logo no primeiro momento de contágio, as aves doentes não demonstram estar parasitadas ou contaminadas por agentes patológicos. Esses animais, na maioria das espécies, são presas e, assim sendo, se ficarem quietas no alto de uma árvore logo servirão de alimento aos predadores. É assim que funciona a seleção natural e, mesmo nascidas em ambiente doméstico, as aves carregam com elas o instinto de defesa. Então, quando doentes tentam “DISFARÇAR” a situação para evitar predadores. É neste momento que o olhar atendo do proprietário ou do tratador pode ser fundamental.
E quais pistas podem revelar um animal doente?
- Diminuição no volume de fezes ou urina, pois muitas vezes o fundo da gaiola é limpo e nem reparamos nisso;
- Quantidade de sementes e/ou farinhada ingerido no período de 24 horas;
- Diminuição no volume de canto ou alteração na voz, alteração na postura ou movimentação dentro da gaiola.
Qualquer alteração em um destes itens requer atenção e cuidado redobrados com a ave, pois a rápida intervenção, no que se refere a um imediato início de tratamento, é fundamental para o êxito na reversão do caso.
O que fazer então?
- Manter o animal aquecido – fontes de calor como aquecedores de gaiola ou lâmpadas incandescentes podem ajudar;
- Evitar a contenção física tanto para dar uma “olhadinha” quanto para manter a ave quieta ou transportar. Esse processo de contenção pode gerar um stress que acabará de queimar os níveis de glicogênio disponíveis, levando animal a óbito mais rápido;
- Não limpar o fundo da gaiola- existem informações importantes para o médico veterinário nas fezes, urina e secreções;
- Não administrar medicamentos em hipótese alguma- esta conduta pode mascarar o quadro clinico, bem como matar o animal por uma falsa via;
- Deixar disponível na gaiola alimentos de fácil digestão e ingestão. Todo proprietário sabe qual comida sua ave mais gosta;
- O uso de suplementos vitamínicos pode ser feito sempre na água (de preferência os que tenham maior nível de frutose, dextrose ou glicose) somente até levar o animal ao veterinário, o que deve ser feito o mais rápido possível;
- Quando no ambiente existir mais de um animal (nas criações), esse animal deve ser isolado o mais rápido possível até o diagnóstico para condutas de controle no criatório, orientadas pelo veterinário.
Como tratar as aves?
Na verdade, não existe “receita de bolo” para o tratamento, o que precisa ser feito o mais rápido é o diagnóstico e o aporte nutricional, pois muitas vezes os animais morrem por inanição, bem antes da patologia.
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