Por
Drª. Estela Maris
O sistema respiratório das aves apresenta estruturas funcionais bem definidas e particulares, que correspondem aos seguintes órgãos divididos em duas porções distintas:
- Vias aéreas superiores: narinas, cavidade nasal, palato fendido (comunicação entre seios nasais e boca) e laringe;
- Vias aéreas inferiores: traqueia, siringe (órgão fonador localizado no final da traqueia - início dos brônquios), brônquios, sacos aéreos (que tem formação já nos brônquios primários) e pulmões.
Vias Aéreas Superiores
As narinas são duas aberturas sobre o bico, formadas por tecido de revestimento e porções ósseas delicadas. O formato das narinas é muito variado entre as espécies de aves. A cavidade nasal é formada após as narinas, e possuem três compartimentos que se comunicam livremente.
A olfação é a função mais importante da cavidade nasal das aves. Esta função provavelmente auxilia na localização do ninho, do indivíduo no espaço e de seus ocupantes, bem como o reconhecimento dos odores de diferentes alimentos. A filtragem das partículas de ar é outra função muito importante das vias aéreas superiores, realizada através dos cílios do epitélio, que varrem a camada de muco para fora da cavidade nasal. Esta região é responsável pela umidificação, aquecimento do ar ambiente, quando for frio, e resfriamento do ar ambiente, quando este for quente. Os seios nasais possuem estrutura contínua com as narinas, e estão posicionados bem internamente. Atuam na umidificação e aquecimento do ar que entra na laringe.
A laringe é composta de estruturas cartilaginosas e ósseas, e está posicionada antes da traqueia. Suas funções são: evitar a entrada de corpos estranhos para dentro da traqueia; sendo a abertura da via aérea durante a inspiração; auxilia na deglutição dos alimentos e na modulação da voz. Durante o canto observado nos machos, a laringe movimenta-se vários centímetros em direção ao esterno, para modificar a freqüência de ressonância dos sons.
Vias Aéreas Inferiores
A traqueia é um tubo cartilaginoso recoberto por epitélio de revestimento dotado de cílios. Geralmente a traqueia é um tubo que ocupa a distância entre a laringe e brônquios primários próximos ao início do esterno. Porém algumas aves, como exemplo aves nativas brasileiras, possuem uma traqueia de comprimento muito longo, formando um "S" antes de inserir nos brônquios, com um maior raio traqueal. Estas aves apresentam maior resistência ao fluxo de ar neste tubo, que pode ser compensado por uma respiração muito mais lenta e pelo tamanho dos sacos aéreos. As funções da traqueia são: umidificar e aquecer o ar antes que entre nos pulmões.
Siringe: Órgão Fonador
A siringe é o órgão da voz, e está localizada na bifurcação da traqueia, para dentro dos brônquios principais esquerdo e direito, suspenso dentro do saco aéreo clavicular. Ela possui uma característica de estreitamento lateral, que é responsável pelas diferentes notas sonoras. Ela possui quatro componentes cartilaginosos, dois pares de membranas vibratórias, músculos e inervação. A siringe possui um revestimento epitelial muito semelhante aos das vias respiratórias, o que permite que em casos de inflamação aguda ou crônica destas regiões, tenhamos o comprometimento da voz das aves. A siringe é susceptível a cronificação de doenças como laringites, traqueites e bronquites.
A voz das aves é produzida por estes dois pares de membranas finas. A principal função da siringe é a fonação. Com sua proximidade do saco aéreo clavicular, ela controla a pressão de saída da expiração, fazendo com que a voz ocorra durante este período. A laringe se desloca do pescoço durante o canto, vários centímetros para cima e para baixo, (semelhante ao trombone). A voz das aves envolve o ar expirado e armazenado nos sacos aéreos, o movimento de extensão da traqueia e da laringe, e o movimento de estreitamento lateral da siringe, associados aos movimentos das membranas vibratórias. As aves de canto podem usar as membranas vibratórias direita e esquerda independentemente, cantando em "dueto interno". As notas trinadas ou gorjeadas são obtidas por uma série de respirações oscilatórias e muito rápidas, a uma freqüência de cerca de 25 movimentos por segundo, sustentando o canto continuamente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
BENEZ, ESTELA MARIS. Aves – Criação – Clínica – Teoria – Prática Robe Editorial – 3.a Edição 2001.
BENEZ, ESTELA MARIS. Aves – Criação – Clínica – Teoria – Prática Robe Editorial – 3.a Edição 2001.
Olá,
ResponderExcluirestou com algumas dúvidas quanto ao aparelho fonador das aves. O que uma espécie tem que a diferencia das outras em se tratando da "fala", se são todas aves e aparentemete possuem a mesma
orientação dos íncones do aparelho fonador? Outrossim, depois de certa idade o ser humano não consegue mais pronunciar alguns morfemas por causa da formação do aparelho, com isso está atrelado a aprendizagem de outra língua, em que a ponúcia correta de algumas palavras é im possível por sua inexistência na lingua materna.
Com as aves, isso também acontece, ou independentemente da idade é possível "fala"?
Se o macaco é o animal que mais se aproxima do homem sapien sapien, porque não se aproximar mais de nós em se tratando da fala?
Olá The Gardener and a Rose,
ResponderExcluirEntrei em contato com o Dr. Felipe Bath que é colaborador deste Blog e pedi uma ajuda para responder a sua pergunta. Segue a resposta:
"O aparelho fonador é bem similar morfologicamente e o que diferencia um papagaio de uma calopsita alem da capacidade de aprendizado e tal é a capacidade de articulação e consequentemente vocalização proxima a humana. Nos temos labios, dentes, etc.. que nos permitiram a articulação e fala. Logico que na ave o som é formado na siringe, mas quem consegue articular.. teoricamente tem maior capacidade de fala. O fato da fala esta relacionado ao condicionamento repetitivo, ou seja, treinamento.. ela aprende o que houve na infancia. Abraços!"