Para quebrar os paradigmas

Por
Oscar Maia Forte

Muitos passarinheiros criam, sem ao menos parar para analisar os resultados dessa ação. E para que eles possam refletir sobre a contribuição que dão à preservação das espécies, às vezes até ameaçadas de extinção, é necessário que se desfaçam paradigmas para chegar a uma conclusão.



Há muito, ouvimos diversas frases que nos levam a refletir sobre tudo aquilo que já estamos cansados de saber, mas que alguns, poucos, embora bem barulhentos, insistam em bradar em alto e bom tom que não é verdade.

Dentre tantas frases podemos citar algumas que nos levarão com a um futuro imutável, no que se refere ao melhoramento genético animal.

Filho de peixe peixinho é!
O fruto não cai longe da árvore!
Quem sai aos seus não degenera!
Este é filho de craque!

Os senhores devem estar se perguntando sobre qual tema estamos falando, eu já lhes digo. Antes, porém, nós da Passarinheiros queremos esclarecer que este tema está sendo abordado devido centenas de pedidos que nos chegam todos os meses.

Estamos falando de Filhotes de Trinca-ferros criados em cativeiro com intuito de participar de torneios de canto de fibra.

Vale lembrar mais uma vez que esta coluna não tem a intenção, de fechar questão em nenhum assunto, pois acredito que tudo na vida que não prevê mudança está fadado ao insucesso, pelo simples fato de estarmos evoluindo a cada instante.

E o que queremos é trocar experiências com nossos amigos passarinheiros, mas não nos furtaremos de deixar registrado nossa opinião, independentemente desta, ir contra interesses de alguns poucos que sobrevivem às margens do processo produtivo, que como sangue sugas, retiram da natureza sem nenhum esforço preciosidades genéticas que na maioria das vezes se perdem antes mesmo de atingir seu objetivo.

Qual de nós já não ouviu falar, pela boca de destes indivíduos que bom mesmo são os mateiros? É Lógico, pois eles não têm nada a apresentar, nem sequer já tiveram e terão, o imenso prazer de ver os ovos quebrando suas cascas, e destes surgindo os frutos de imenso trabalho  e de muito suor que por muitas vezes, vem acompanhando de dissabores, amarguras e frustrações.

Mas que com certeza no final das contas vem coroado de vitórias e alegrias que estes jamais terão a oportunidade de saborear, como por exemplo: o prazer de palmear uma gaiola com um filhote filho de um seus reprodutores, fruto de seu trabalho, e com ele viajar milhares de quilômetros para participar de diversos torneios de fibra e canto durante sua vida. Nós poderemos dizer este é nossa cria.

O mais engraçado é ver estas mesmas pessoas que dizem que filhotes de cativeiro não são os melhores, nos encomendando filhotes. É sem dúvida no mínimo engraçado, pois eles não conseguem convencer nem a eles mesmos.

Outras expressões que ouço muito nos torneios, destes mesmos cidadãos, são as seguintes: “Eu ainda vou ter um filho deste pássaro”, e outra pior, “Se você quiser eu tenho uma fêmea extraordinária, e eu te empresto para você tirar uns filhotes, depois você me dá um casalzinho”. Ora! Se eles dizem que os de cativeiro não são tão bons, por que estão sempre querendo ter um filhote dos campeões?

É muita hipocrisia, acompanhada de muita cara de pau! Por estas e outras, é que dizemos e afirmamos que: “Filho de peixe peixinho é! E quem sai aos seus não degenera”!!

Por meio desta coluna, a Revista Passarinheiros cumprimenta todos aqueles que se dedicam a esta nobre tarefa, da preservação de nossos pássaros, em cativeiro, não só os Trinca-ferros, mas todos aqueles que fazem parte de nossa fauna.

É importante dizer que não somos culpados pela extinção de diversas ou outras espécies, e sim responsáveis pela preservação de muitas outras que hoje já não se encontram na lista de extinção. Lembramos com orgulho daqueles, pioneiros autodidatas, que por puro instinto, acompanhado de muita observação e estudo, foram os precursores das atuais criações que muitos campeões tem gerado a cada ano.

Como alguns baluartes poderemos citar, Marcílio Leonardo Picinini (Matias Barbosa - MG), Mestre Barrinhos (Niterói - RJ), este responsável pela preservação da melhor família de bicudos do Brasil a do saudoso bicudo Sobe-Desce, de propriedade do amigo Nami Jafer (RJ), Aloísio Pacini Tostes (Ribeirão Preto), Geraldo Magela Belo (São Paulo) e tantos outros amigos que se citados precisaríamos de uma edição exclusiva desta revista. Mas sintam-se todos lembrados e abraçados.

A única diferença dos trinca-ferro para os bicudos e curiós, é que estes são criados há pelo menos trinta anos, em pequenas criações e depois com a descoberta dos sistemas de prateleiras, em grande escala.

Mas hoje em dia já encontramos criações de trinca-ferros, bem estruturadas e voltadas ao aperfeiçoamento genético da espécie, seja para canto clássico, repetição ou pássaros de fibra que sem dúvida é a coqueluche do momento. Nomes como dos pássaros Zandonaide, Animal, Cruel, Fliper, Titanic, Talento e tantos outros já estão gravados no rol da fama, basta lembrar do grandioso torneio da GM deste ano (2006) em São Paulo, no qual todos os passarinheiros se acotovelaram para ver o fenômeno Zandonaide disputando o campeonato.

Este pássaro já e famoso pelos seus descendentes e seu sangue apurado. Ganhou em todos os estados que passou, e hoje se consagrou mais uma vez campeão do estado do Rio de Janeiro, estando reconhecido por ter a roda de fibra mais forte do Brasil.

Zandonaide hoje se encontra em serviço no criadouro Buriti, na cidade de Rio Bonito (RJ), onde dá sua contribuição genética, junto aos trincas, Marajá, Cruel, Butuca, Clone, Xavante e Catarina pra formação de um plantel de elite voltado a produzir pássaros de fibra, pra os mais exigentes criadores de todo o Brasil. 

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